A pesquisa apresentou os resultados dos testes em seres humanos, que receberam um tratamento desenvolvido pela empresa alemã BioNTech, conhecida por criar vacinas contra a Covid-19 com tecnologia de RNA mensageiro.
Estudo indica resultados promissores para uma vacina capaz de combater células cancerígenas no pâncreas. Os testes em humanos, conduzidos pela empresa alemã BioNTech, reconhecida por sua contribuição no desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro contra a Covid-19, foram divulgados em uma revista científica.
A prestigiada revista científica “Nature” divulgou hoje que os resultados do ensaio clínico em humanos para o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer de pâncreas foram considerados de ‘sucesso limitado’ e ‘promissores’.
Esse novo tratamento tem como objetivo fortalecer a resposta imunológica do paciente contra os tumores. A vacina funciona como uma imunoterapia, assim como a maioria das vacinas em fase de teste, visando prevenir a recorrência, crescimento ou disseminação do câncer.
A vacina está sendo desenvolvida pela empresa de pesquisa alemã BioNTech, em parceria com a empresa americana Genentech, e é baseada na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) – a mesma tecnologia utilizada na vacina desenvolvida pela BioNTech e Pfizer para combater a Covid-19.
O tratamento atua no fortalecimento das defesas naturais do organismo contra as células cancerígenas. Isso é alcançado através de proteínas produzidas no corpo ou em laboratório, que treinam o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células responsáveis pela doença.
Os ensaios clínicos de fase 1 demonstraram que metade dos 16 participantes do estudo, que foram submetidos a cirurgia para a remoção do tumor, desenvolveram células T após receberem o tratamento.
As células T têm o potencial de reconhecer células cancerígenas e impedir sua recorrência, de acordo com a revista Nature.
Entre os oito participantes do estudo que apresentaram resposta imunológica detectável, não houve evidências de recorrência do câncer 18 meses após a cirurgia, enquanto os pacientes que não responderam ao tratamento tiveram uma média de recorrência de 13,4 meses.
Apesar dos resultados promissores, ainda há um longo caminho a percorrer na busca por novos tratamentos contra o câncer. No caso dessa vacina, o próximo passo será avançar para os ensaios clínicos de fase 2 e 3, antes que o imunizante possa ser submetido às agências reguladoras e, posteriormente, chegar ao mercado.
“Ao fornecerem esses dados extremamente promissores, será possível estabelecer a base para um novo ensaio clínico planejado”, afirmou a revista.
O câncer de pâncreas está entre as formas mais letais de câncer, frequentemente sendo diagnosticado em estágios avançados, quando o tumor já está em crescimento. Isso diminui a eficácia dos tratamentos disponíveis.
O estudo concentrou-se no adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), responsável por mais de 90% dos casos de câncer pancreático. Apenas cerca de 10% dos pacientes com PDAC sobrevivem por dois anos após o diagnóstico.